segunda-feira, 23 de abril de 2012

Fundamentos Históricos Epistemológicos da Prática Docente no Ensino Superior

 

INTRODUÇÃO

Segundo o dicionário Aurélio, Ferreira,  a Epistemologia significa “Estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas; teoria da ciência.”. O conceito para educação no ensino e aprendizagem apresenta modelos terminológicos para definir a prática pedagógica e suas implicações.
A educação segue as convenções sociais, quando se estrutura na prática no ensino e aprendizagem que respondam as exigências sociais, políticas e econômicas, segundo as relações de classes e interesses, o que vem a sustentar em parte a prática do paradigma pedagógico, como definido por Becker, sob as circunstâncias de uma determinada sociedade econômica, política histórica.
Sobre os modelos pedagógicos, algumas observações e práticas aderidas como princípios norteadores epistemológicos respondem por convenções determinadas da sociedade. Conceitos e diretrizes como programas norteadores da educação tiveram suas características, sejam elas empíricas, ou tradicional tal como Becker² cita Paulo Freire na “Pedagogia do oprimido”.
Assim como posto pela escola Behaviorista tecnicista que retém a nossa liberdade até na expressão quando, em verdade, não podemos ser comparados a meros animais movidos por salivas e reações automáticas, e sim somos os únicos entre os animais que pensamos em nossos objetivos e metas, que criamos, desenvolvemos e modificamos o nosso ambiente.
Segundo o cientificismo behaviorista, o sistema de recompensas segue na continuidade do estimulo a uma resposta, bem como a ausência das condições ofertadas, quando não há interesse do processo em continuidade e até a punição para atingir os objetivos sobre os resultados. Alguns crêem que motivar os alunos a aprender mais deve dar condições satisfatórias e também sobre os cenários do ambiente, notas, diplomas que são como única expectativa entre outras compensações sociais e monetárias como estímulos.
Segundo a escola Behaviorista, o ser humano é manipulado, condicionado, corrompido para aprender, sendo induzido a uma escolha alheia até mesmo à sua inteligência. Kohn é um dos mais brilhantes críticos a essa análise, em outras palavras, o autor defende a falta da crítica avaliativa que cancela o fato de que somos nós os criadores, os pensantes críticos de nosso ir e vir.
As escolas sustentam as práticas das relações históricas e epistemológicas das exigências sociais, tais como: A Empirista/tradicional, Inatista/Escola nova, Empirista/psicologia, Behaviorista/tecnicista, Relacional/construtivista, Relação/dialética.
1. As concepções epistemológicas e suas implicações na prática pedagógica do professor no Ensino Superior
Os paradigmas epistemológicos da educação tiveram na sua prática em sala de aula questionada criticamente pela sociologia da educação.
Os pressupostos epistemológicos apresentados por Becker são modelos que exemplifica a pedagogia diretiva e não- diretiva. Na diretiva, o professor é o donatário, o monólogo do discurso de transmitir e os alunos obrigados a copiar, recebendo e respondendo tudo dentro da ordem do professor.
Dado ao empirismo de que o sujeito é uma tábua rasa e sendo assim, é necessário que o professor preencha esse espaço vazio. Esse tipo de proposta de autoritarismo mata a criatividade e o talento que pode estar dentro do sujeito. Se a crítica exigida no plano para o desenvolvimento de cidadania, requer uma contribuição social, a qual não é edificada na filosofia tal como deveria, por exemplo, de que o sujeito é moldado e lançado na sociedade que aceita tudo, essa condição é behaviorista, ou seja, sendo obediente o aluno receberá a oportunidade.
Já para a pedagogia não-diretiva o professor é facilitador do aluno, ele trabalha a atividade  para que o aluno esteja pronto para aprender, esta proposta libera o aluno para explorar por conta própria o seu conhecimento, sendo o professor apenas um orientador. Tido como a priorista, dê a priori, quando o aluno está pronto para aprender.
Ao que parece, esse tipo de pedagogia é uma forma do Estado ordenar e manter a classe dominante no poder e desmoralizar os operários. A escamoteação, que parece subliminar um tipo epistêmico de pedagogia facilitadora, entorpece a consciência do professor com relação a sua prática.
Já na pedagogia relacional, o aluno aprende, vivenciando as problemáticas ao manipular o objeto, assimilando cognitivamente e, por fim, passa a ter ligação com objeto refletindo ao seu significado. Esse tipo de modelo tem o sujeito para objeto e o objeto para o sujeito. Assim como citado pôr Becker (2007), a relação social e a bagagem hereditária provam ou anulam a idéia da tábua rasa.
As relações sociais implicam nova estrutura de aprender, pois impacta com a novidade e com isso coordena suas sanções. Há, portanto, uma colisão de conhecimento na sala entre os alunos e professor como um todo, introduzindo e exteriorizando novos fatores.
1.1. Concepção Epistemológica Behaviorista e a prática docente
Para descrever o papel dos experimentos de Skinner, sob as Teorias Behavioristas, é necessário detalhar os seus experimentos, os quais até hoje são realizados em laboratórios de psicologia, como descreve Alfie Kohn (1998).  A gaiola de Skinner é uma caixa retangular, à prova de luz e de som, que contém um orifício para a entrada de água, uma bandeja e uma barra horizontal. Do lado de fora há um depósito de bolinhas de alimentos e, quando a barra é tocada, o alimento desce e o rato come. Tem também o registro para saber quantas vezes o rato comeu ou mexeu a barra.
O condicionamento consiste em que o rato irá se acostumar com o ambiente e com a situação ofertada. Esse processo de Skinner se difere das respostas do clássico condicionamento de Pavlov, o qual reconhece dois tipos de condicionamentos: o respondente de Pavlov e o operante de Skinner. Tais eventos há produtos positivos e negativos. Esse condicionamento operante é, contudo, dado como recompensa quando queremos que ele tenha certas reações esperadas.
Skinner fez um método didático conhecido como instrução programada ou aprendizagem programada, o qual faz com que o aluno estude sem a intervenção do professor, como descrito por Kohn (1998). Essa característica de ensino é dada em pequenas partes onde, por meio dos exercícios propostos como “reforço”, o aluno determina a sua resposta na aprendizagem.
Crítica às Recompensas
Na escola Behaviorista, o ser humano é manipulado, condicionado, corrompido para aprender, sendo induzido a uma escolha alheia até mesmo à sua inteligência. Kohn é um dos mais brilhantes críticos a essa análise. Em outras palavras, o autor defende a falta da crítica avaliativa que cancela o fato de que somos nós os criadores, os pensantes críticos de nosso ir e vir. Retemos a nossa liberdade até na expressão quando, em verdade, não podemos ser comparados a meros animais movidos por salivas e reações automáticas, e sim somos os únicos entre os animais que pensamos em objetivos e metas, que criamos, desenvolvemos, modificamos nosso ambiente.
O cientificismo behaviorista, o sistema de recompensas segue na continuidade do estímulo a uma resposta, bem como a ausência das condições ofertadas, quando não há interesse do processo em continuidade e até a punição para atingir os objetivos sobre os resultados. Alguns crêem que motivar os alunos a aprender mais deva ser pelas condições satisfatórias e também sobre os cenários do ambiente, notas, diplomas, que se fazem como única expectativa entre outras compensações sociais e monetárias, que vão se somando como referencias de estímulos.
Se bem observado, o homem pode, por ingenuidade ou falta de informação, e formação moral tradicional (entre outros motivos), se deixar influir. Porém, sendo portador de liberdade e raciocínio, ele irá optar e se decidir por aquilo que considera conveniente. Entre os motivos que induzem o aluno a uma resposta, está o sistema de recompensa, que alguns autores chamam de manutenção de pessoas, que exige uma série de cuidados especiais, entre os quais sobressaem notas, currículos, diplomas, ou simplesmente passar de ano, quando este faz a pergunta: Porque tenho de aprender isso? Eis a resposta: Para passar de ano!
É preciso compreender o estado antecessor da formação dos nossos discentes universitários, assim como atesta Lowman (2004, p.138) “O que provavelmente conhecemos sobre a aprendizagem humana”. O primeiro fato da diversidade se deve pela idade, quando alguns retornam aos estudos, e que cada um vem com a sua história social econômica e cultural, tributos da sua formação familiar, e ai a conduta.
A bagagem recebida na escola de base foi behaviorista tradicional empirista ou tecnicista, essa mesma cultura estar impregnada na sociedade produtiva, que advém a complexidade do fato, sobre a posse do diploma como repertório do status social.
Não pode haver mudança do paradigma pedagógico sem compreender esse alicerce do comportamento, por que serão bonzinhos, bem comportados, fazem as tarefas corretamente, estudar ou colar, pagar para alguém fazer, tudo para ter a nota e passar de ano ou concluir o curso; e assim fica calado para não causar enfrentamento com o professor. Essa é a prática cultural behaviorista impregnado no costume social, nada pergunta e em nada participa ou se participa é para agradar o professor, em nada questiona, não fazem provocações científicas, não faz conexões com outras fontes além do conteúdo para mostrar interesse pela matéria;  somente a ação de sentar, ficar calado, receber a transmissão e visualizar o cenário obediente.
É certo que se o fizer irá causar constrangimento para o professor, que mesmo sabendo sobre as epistemologias e suas práticas, e até advogando os atuais paradigmas educacionais, apenas se maquiam, mas a prática de emitir e receber ou estar em expectativa sobre este comportamento ainda será o mesmo, não muda. Uma cultura não muda rapidamente sem que haja um auto-reconhecimento do fato sobre si mesmo. Ter atitude oposta a Epistemologia behaviorista/empirista/tecnicista na prática dentro da sala de aula, quer como professor-aluno, ou aluno-professor, haverá conflito e a resposta será a exclusão do mesmo sobre o núcleo social da sala, quer professor-aluno ou aluno -a- alunos.
1.2. Concepção Epistemológica Racionalista e a prática docente
A concepção Epistemológica Racionalista como prática docente segue alguns princípios que reconhecemos quando o conhecimento é racional e isso se difere do vulgar, “Senso comum”; o racional é dado pelo discurso da lógica que se satisfaz em base empírica e/ou científica.
A ciência como racionalidade é o resultado da crítica com debate sobre a discussão da razão lógica. Sendo ainda hipotético – dedutivo, ela vai além e se abre as novas perspectivas ainda para serem descobertas, não se fecha como descrito por Peluso. O falseamento por meio de experiências empíricas pode afetar a teoria racional, com isso, deve considerar como método racional, obrigatoriamente e eliminar hipótese falsa para resolver problemas.
A metodologia convencional são regras da lógica racional cujas atribuições se fazem pelos pressupostos definidos a caráter cultural, pelos valores e crenças que elimina a vontade humana, são atribuições aprovadas e destituídas de opiniões voluntariosas. A irracionalidade parte pelo princípio do belo e das paixões humanas, já para o racionalista como forma defende o projeto na dimensão da ciência enquanto razão.
O racionalismo defende a sua tese abrigada no controle social, e no equilíbrio da razão que não fere a questão moral e libertária do irracionalismo.
Estes conceitos epistemológicos como parte da prática educacional faz o discurso baseado na crença da lógica, do utilitário, dados sobre o controle exato das ciências como parte social em todos seus aspectos físico/químico/legal etc.
O curioso da critica avaliativa do racionalismo é descobrir a teoria falsa hipoteticamente como ações meramente especulativa, quando  se definem pela ausência de evidência, de que não seja falso, pelo teste gerado a falseabilidade exclui os seu pressupostos, assim o racionalismo se conclui.
1.3. Concepção Epistemológica Relacional e a prática docente
É a relação do sujeito sobre objeto e os significados que chega do objeto para o sujeito. Para Becker  a visão do Sujeito no objeto tem inúmeros significados que devem ser coordenado, experimentado, elucidado e descoberto pelo sujeito através de atividades com provocações e respostas, devendo ser questionados no máximo, em cada uma destas descobertas e achados.
Uma ciência explicativa, cujo objeto tem inúmeros significados e conexões. Pode haver exemplos, ilustrações vivenciadas, interpretada pelo sujeito, seja pela cultura, que seria a linguagem sobre a sua bagagem histórica, sejam ainda relacionadas à ciência da natureza e as suas diversas complexidades, da química usada popularmente e reconhecida, da física e as suas relações nos impactos ambientes.
O ensino e a pesquisa estão  relacionados na prática, como declara Tardif; ao contrário como alega algumas correntes quanto a dificuldade de associar a pesquisa para o ensino, a relação do profissional com o professor pesquisador instiga as capacidades existentes . Essa verdade construída é enraizada na história dos homens que a produziram, marcada pelas necessidades que esses homens tiveram de conhecer, de discernir, de explicar, de entender o seu próprio mundo, de resolver problemas ligados à sua existência.
Essa ligação da produção do conhecimento às necessidades humanas, sociais, fez-se tanto para a aplicação às soluções dos problemas imediatos como em resposta as indagações e as motivações mais amplas, não imediatas. Em ambos os casos são necessidades reais, concretas, respondendo aos desafios que é a relação da prática vivenciada, observada, manipulada, para então se concretizar.
O professor pesquisador e a relação do ensino e aprendizagem procuram, na investigação, responder pelos problemas existentes na aprendizagem. Para que ocorra, ele olha o objeto, as formas de identificar, de refletir as relações com a existência e funções tanto do objeto quanto sobre as subjetividades e suas relações comportamentais em meio à sociedade política e práticas do cotidiano vivenciado. Atividades físicas/ambientais, dados e referências próximas reconhecidas pelos discentes é uma descoberta, mesmo que sempre esteve ao lado, mas nunca havia visto, e é um espanto a descoberta desse aprendizado.
Heráclito afirma que é impossível conhecer os confins da alma; maravilha-se ao pressentir os insondáveis abismos dela, mas proclama que há um bem supremo e comum a todos os homens, além das diferenças individuais e que este bem é o logos. Heráclito legou a imagem que esclarece os liames da alma e do corpo: semelhante a uma aranha que se move de um ponto ao outro na teia onde uma mosca se prendeu, a alma se concentra inteira no membro ferido. É ao grande dialético que devemos a afirmação otimista de que “todos os homens estão em condições de se conhecer  e pensar segundo as leis da razão (GOULIANE, 1969:36)
O homem investiga o cenário em sua volta com olhar abstrato de significados para si próprio, assim formula a sua crítica externada de opiniões, ou internaliza as reflexões. Reconhecemos o desenvolvimento quer do caráter do cidadão ou as suas capacidades colaborativas a sociedade, como nos remete a filosofia educativa, compreendendo as suas relações de ensinar e aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As termologias da Epistemologia na educação servem para analisar as práticas pedagógicas, tanto no contexto histórico social, como no exercício das atividades docentes nas implicações presentes na sociedade atual existente.
Considerar a prática docente, coloca em xeque a grande complexidade com relação à responsabilidade de estar formando profissionais competentes ou não, como nos trás Tardif  . A máxima importância de relacionar a Epistemologia científica para a educação no seu contexto histórico e social são as respostas destes estudos elaborados até o momento que irão nos ajudar a considerar a prática didática no exercício das atividades docentes em sala de aula.
Podemos considerar nas explicações do Professor Becker sobre a crítica das concepções ora existentes e suas fases de implicações históricas, bem como ainda a definição sobre os caminhos da nossa prática, quais sejam, de se construir baseado na premissa das descobertas e a sua totalidade, como atividade, pesquisa e de se questionar tanto a validade da resposta quanto ainda de se aprofundar no mais fundo desta ciência, até onde sejamos capazes de chegar. Motivar a pesquisa, a relação do sujeito sobre o objeto a ser pesquisado, criar a relação professor aluno, não apenas na motivação, mas como exemplo de investigação e precisão nas respostas.
Refletir o papel enquanto docente é considerar esta tarefa de grande responsabilidade sobre o sujeito enquanto discente para ser o profissional almejado e edificado para a sociedade é um legado a ser considerado de máxima importância para a prática como resultado, mais comprometida com a ética profissional com a praxe dos fundamentos Epistemológicos doutrinados de ideologia e jamais de oportunismo. Sobre esta questão nos remete o grande erro histórico já concebido nos planos educacionais, que foi segmentar a estratificação social sem o decoro das virtudes mais elementares da cidadania.

FONTE:  http://www.qir.com.br/?p=3764

domingo, 15 de abril de 2012

1. Formar o Professor Reflexivo é fundamental no mundo de hoje? Por quê?

Sim, é fundamental, sim. Tendo em vista que a atitude filosófica e a legítima atividade educativa, via de regra, são indissociáveis, a crítica e a reflexão são essenciais na formação do professor e servem de bússola para situá-lo no âmbito de todo um processo que possa tornar mais eficiente às práticas educacionais.

Mas o que vem a ser o professor reflexivo? Donald Schön afirma que o professor reflexivo seria, pois, aquele profissional que adquiriu o instrumental teórico-metodológico para pensar continuamente sobre sua "práxis", isto é, sobre sua teoria e ação na sua prática docente
Corroborando com a tese do professor reflexivo, encontramos as palavras de Rios (2002), ao assinalar que a docência da melhor qualidade não é a que ensina a ser técnico, a atender os anseios do capital, mas a aquela que se desenvolve no sentido de "compreender e ensinar o mundo". Segundo Paulo Freire, "ensinar exige criticidade", "reflexão crítica sobre a prática", "consciência do inacabamento", "apreensão da realidade", "curiosidade", "tomada consciente de decisões". Resumindo, o ato filosófico e o ato de educar, por serem indissociáveis, tornam-se imprescindíveis ao processo educacional.

Na UESPI no sabado dia 14/04..


Galera massa da turma de Pedagogia, falta ainda muitas pessoas...