A escola caminha pelos olhares abertos da pedagogia, pelos avanços
científicos. A “tia” da escola infantil, forma de se dirigir à
professora, teve seus dias contados, abolida pela linha
socioconstrutivista.
Os pedagogos afirmam que o resgate do termo professora não é
uma simples questão semântica. As escolas, que adotaram métodos das
modernas práticas pedagógicas, ponderaram que a professora representa um
novo modelo na vida da criança – ela não é, realmente, uma extensão
familiar – e como tal deve ser preservada.
Paulo Freire, em seu livro “Professora sim, tia não”,
escreve: “Ser professora implica assumir uma profissão, enquanto ser tia
é viver uma relação de parentesco. Chamar a professora de tia é no
fundo uma ideologia que trabalha contra o rigor da profissionalização da
educadora, como se para ser boa professora fosse necessário ser pura
afetividade”
O professor é uma imagem importante para o aluno; ele não
substitui afetos familiares. O componente afetivo deve existir, mas
nunca como ideologia. A criança precisa de alguém que a oriente com
firmeza, que lhe transmita os valores de vida, e o professor é o mentor
desse processo de criação.
O costume de chamar a professora de “tia” vem da década de
60. As mulheres, ao buscar afirmação profissional, recorriam às escolas
para cuidar de seus filhos e, de certa forma, segundo relato de mães,
entregar os filhos à tia e não à professora lhes aliviava a culpa.
Contudo, esse tratamento dissimula a relação de autoridade. A criança
precisa diferenciar universos e perceber que cada espaço tem seus
próprios valores, concluíram os pedagogos. Assim, as então chamadas
escolas
Alternativas, hoje socioconstrutivistas, começaram a rever o tratamento nos anos 70.
A relação de aprendizado é uma nova aquisição na vida da
criança. A professora é portadora de um conhecimento, abre as portas de
um novo mundo, não estando, portanto, em situação de igualdade com as
crianças. O psiquiatra infantil Haim Grunspun completa a
análise: “Como “tia” a profissional acaba não considerando o seu próprio
processo, do qual é proprietária. Existe uma ideologia de
desprofissionalização do educador. A afirmação profissional emerge da
conquista dos direitos do exercício pleno da função. O aluno aprende a
respeitar a partir do próprio respeito. Pergunta: “Como as crianças
podem entender 10 mil “tias” em greve?”
As crianças acabam percebendo por si que professora é a
pessoa que educa, ensina brincadeiras, criar, inventar; tia é a irmã da
mãe ou do pai. Hoje, se a dúvida persiste, ela está entre aqueles que
escolhem a escola de acordo com suas convicções. Voltando a Paulo
Freire, ele disse (1993): “Uma das características básicas do
construtivismo é não estar demasiado certo da certeza. Se você
absolutiza não tem oportunidade de crescer. Tenho 72 anos e estou
aberto. Tenho este gesto da incerteza do certo”.
Porém, no caso da denominação professora ou “tia”, fica evidente que a primeira é um procedimento bem mais saudável e real.
Porém, no caso da denominação professora ou “tia”, fica evidente que a primeira é um procedimento bem mais saudável e real.
No processo de ensino-aprendizagem, o importante é a
escolha, por parte dos pais, de uma instituição idônea, capaz de
oferecer aos seus alunos o que de melhor a época exige. Como escolher
uma boa escola infantil?
A escolha deve partir primeiramente de sua situação legal,
isto é, deve ser regularizada, com autorização do município para
funcionar. A
Escola tem de estar dentro da lei. Ela deve aproveitar o
potencial enorme que a criança tem em aprender, estimula-la corretamente
e oferecer-lhe espaços para que possa brincar. Há muitas
especificidades na educação de crianças de 0 a 6 anos e professores não
capacitados e ausência de um projeto pedagógico podem impedir esse
processo. As crianças precisam brincar e se movimentar, os espaços não
podem ser pequenos e pouco arejados. O imóvel precisa ser adequado para
receber crianças: mesas com cantos arredondados, não deve ter escadas e
tomadas de luz aparentes.
Só depois da Constituição de 1988 a educação passou a ser
direito das crianças com menos de 7 anos. Até então, a criança
brasileira não tinha direito à educação. A Constituição de 1988
reconheceu a Educação infantil como direito da criança e dever do
Estado. Assim, deixou de ser vinculada à assistência social. A exigência
do registro no município por parte do estabelecimento de ensino
infantil veio apenas em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB). Esta lei definiu o município como responsável pelo
ensino infantil e exigiu formação mínima de nível médio para os
professores. Porém, até 2007 este professor deve possuir licenciatura de
nível superior. O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001,
dá prazo até 2006 para que os estabelecimentos de ensino infantil
cumpram padrões de infra-estrutura para funcionamento.
Todos esses aspectos legais, estruturais, para o bom
funcionamento de uma escola, são importantes, mas a tudo sobreleva a
atuação do professor. Um bom método de trabalho, consciência
profissional, competência e afetividade são ingredientes indispensáveis à
educação. O professor que trabalhar mais como um facilitador da
aprendizagem será insubstituível e inesquecível como é, para qualquer um
de nós, a figura da primeira professora.
FONTE: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/artigo_porque_professoras.html